Os
começos são decisivos porque definem a visão, indicam o processo e influenciam
o fim
Nossa vida é cheia de começos e fins, ambos
essenciais para o que ocorre no intervalo. Se o começo não fosse
importante, a gente começaria pelo meio. Por isso, o primeiro livro da Bíblia,
o Gênesis, termo grego que traduz a complexa e rica palavra hebraica bereshit (“no
princípio”), começa com Deus, a síntese da perfeição e a garantia de um ótimo
fim. A raiz de bereshit é rosh (“cabeça”, “superior”,
“principal”), termo usado também na expressão Rosh Hashanah (literalmente, “a cabeça do ano”), que marca o início
do ano judaico. Assim, o nome bereshit não indica apenas o
“primeiro” numa sequência cronológica, mas também refere-se a um fundamento
para tudo que vem depois.
Muitas
pessoas notáveis reconhecem a importância de um bom começo em sua trajetória.
Em uma matéria publicada em dezembro, o site da
BBC perguntou: “O que algumas das pessoas mais bem-sucedidas do mundo têm em
comum?” Entre elas estão Jeff Bezos, fundador da Amazon e o homem mais rico do
planeta; Sergey Brin e Larry Page, criadores do Google; Jimmy Wales, o nome por
trás da Wikipédia; Will Wright, criador do jogo SimCity; Beyoncé, uma das
artistas mais bem pagas da indústria musical; e Gabriel García Márquez, prêmio
Nobel de Literatura, falecido em 2014.
A
resposta é que todos eles estudaram sob o método Montessori, “um sistema de aprendizagem
que estimula a criatividade num ambiente colaborativo, sem notas ou provas”. O
método é centrado no estudante e não no professor. Aqui vale lembrar que não há
consenso sobre a real vantagem do sistema Montessori, criado pela médica e
educadora italiana Maria Montessori (1870-1952) e hoje adotado por cerca de 25
mil escolas em todo o mundo. Mas esses personagens atribuem ao método uma
influência decisiva no estágio inicial de sua vida.
A
ideia de que um ambiente criativo na infância ajuda no desenvolvimento da
criança tem amplo apoio da ciência. Nos cinco primeiros anos de vida, o cérebro
cresce a um ritmo acelerado, e os valores aprendidos nessa fase têm enorme
impacto no futuro. As influências definidoras continuam nos anos seguintes. Por
isso, a Bíblia determina: “Ajude seu filho a formar bons hábitos enquanto ainda
é pequeno. Assim, ele nunca abandonará o bom caminho, mesmo depois de adulto”
(Pv 22:6, Bíblia Viva). E Ellen G.
White assinala: “A educação começa com o bebê, nos braços da mãe.” A educação
na infância é essencial porque, nessa fase, “a mente é mais susceptível de
receber impressões, e as lições dadas são lembradas” (Orientação da Criança, p. 26).
Reconhecendo
esse fator, a Igreja Adventista criou um recurso espetacular para a formação
dos pequenos: o Clube de Desbravadores (além dos aventureiros), tema de capa
desta edição. Desde a década de 1950, com ênfase nos aspectos físicos,
culturais, sociais e espirituais, o clube vem ajudando a moldar o caráter de
milhões de crianças e adolescentes. Do estágio de “Amigo” até o de
“Líder”, os desbravadores aprendem muitas habilidades que os preparam para a
vida e a eternidade. Ao ler a matéria, você certamente entenderá melhor por que
essa é uma das iniciativas mais bem-sucedidas da igreja para a fase inicial da
vida.
Assim,
valorize os começos, ainda que humildes e caóticos. E, se o ano que passou não
foi bom para você, experimente um recomeço. A oportunidade de iniciar de novo é
uma bênção que Deus nos oferece todos os dias e todos os anos. Feliz 2019 e
ótimo novo ciclo!
MARCOS DE BENEDICTO, editor da Revista
Adventista
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