sábado, 18 de novembro de 2017

Sobre a hipocrisia...

"Como é feliz aquele a quem o Senhor não atribui culpa e em quem não há hipocrisia!" (Salmos 32:2)

Um dos predicados que Jesus mais usou para (des)qualificar as pessoas durante seu ministério terreno foi “hipócrita”. Era o adjetivo principal que Ele utilizava para se referir aos escribas e fariseus, por exemplo. Nas minhas leituras da Bíblia, acabei atentando para essa palavra e acabei me entregando à reflexão acerca da hipocrisia. E tenho pensado tanto sobre a minha hipocrisia quanto a das pessoas que me cercam. Não se espante de eu dizer “a minha”, porque quando se é honesto consigo mesmo é impossível não reconhecer que todos temos um pouco (ou muito) dela. Uns mais, outros menos, mas todos temos nossa dose desse mal, nem que seja em nome do bom convívio social. Não virar a mão na cara de uma pessoa que você sabe que está mentindo para você e ficar sorrindo para ela não deixa de ser um ato hipócrita, se você parar para pensar. Então, eu e você temos nossa cota de hipocrisia, admitamos. Afinal, não admitir isso seria… hipocrisia.

“Hipocrisia” vem do grego hupokrisía, vocábulo que tem o sentido de “alguém que desempenha um papel”. Ou seja, em resumo, hipocrisia tem a ver com fingimento. É uma coisa meio teatral, quando você finge ser, sentir ou pensar algo que não condiz com a realidade. Mas, mesmo sendo uma característica tão presente no ser humano como qualquer outro pecado, preciso reconhecer que ultimamente tenho visto tanta hipocrisia que chega a gerar em mim uma certa repulsa.
Algo que detectei no trato com pessoas que têm agido de forma hipócrita é que há quatro estágios de reação da sua parte quando você se depara com um ato de hipocrisia perpetrado por alguém que você conhece e com quem se preocupa:
1. Revolta
2. Exortação
3. Conformismo
4. Anestesia (esta geralmente vem acompanhada de um consequente afastamento)
É mais ou menos assim que ocorre quando alguém por quem você se importa embarca num comportamento hipócrita perene: primeiro você se revolta, acha um absurdo. “Como fulano consegue ser tão fingidor?! Como ele aguenta viver assim?!”. Depois vem a fase da exortação, quando você tenta chamar a pessoa à responsabilidade, faz o que está ao seu alcance para que ela abandone seus atos hipócritas e que vão acabar por machucá-la ou machucar terceiros, aconselha, fala, adverte, alerta para os problemas que aquilo causará. Mas, no instante em que você percebe que de nada adiantou admoestar e que a pessoa persiste em sua trajetória de hipocrisia, começa a etapa do conformismo. “É… fulano escolheu ser hipócrita mesmo, fazer o que, né?! Deixa estar”. Por fim, chega a anestesia. É quando você já se esforçou tanto e fez tudo o que estava ao seu alcance para libertar a pessoa com quem você se importa dos grilhões de seu fingimento que literalmente fica exausto. E percebe, enfim, que a pessoa tomou a decisão definitiva: viver a hipocrisia até o fim. É quando você desiste.
Infelizmente, isso acaba despertando em você uma boa dose de asco por tamanho fingimento, a ponto de te deixar meio anestesiado ao fato – talvez como uma casca protetora para proteger você de sentir o sentimento ruim que está sentindo. Se você assistiu ao filme Pink Floyd – The Wall vai entender um pouco do que estou falando: você se torna Comfortably Numb (Confortavelmente Entorpecido). É nessa hora que você larga a mão de quem insiste em pular no abismo e deixa pra lá. Como se dissesse: “Você persiste nessa atitude? Então quer saber? Azar o seu, colha os frutos amargos das suas ações”. Nesse ponto se dá a ruptura e a gente simplesmente sai de cena, entregando o ente querido à própria sorte. “Que Deus o ajude”, é o que resta dizer. E vamos cuidar da vida, esperando só o dia em que chegarão as inevitáveis notícias dos desastres ocorridos por causa daqueles persistentes atos hipócritas (é claro que oramos muito pedindo a Deus que isso não ocorra, mas é como a Bíblia diz: “Quem semeia corrupção na carne colhe corrupção na carne”. É inevitável.). Ou você acha que uma hipocrisia perene não traz infelicidade ao hipócrita? Ou você acha que hipocrisia passa impune?
Todos somos hipócritas, logo, não serei eu a atirar a primeira pedra. Mas há uma grande diferença entre os tipos de pessoas que praticam a hipocrisia: há o hipócrita que percebe suas escorregadas e se corrige e o hipócrita que, por mais que você advirta, persiste em levar adiante seu erro. Só que Deus não nos chamou para sermos hipócritas. E se você percebe que está vivendo atrás de máscaras, sorrindo quando queria chorar, dizendo “sim” quando deveria dizer “não”, fingindo ser quem você não é… meu irmão, tome uma atitude. Por quê?
Porque senão o seu modo de proceder em nada será diferente do modo dos escribas e fariseus que Jesus tanto condenou. E a quem chamou de sepulcros caiados.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Maurício Zágari (via Apenas) (Título original: O abismo chamado hipocrisia)

8 regras para quem não quer ser o chato do grupo do WhatsApp

 
O WhatsApp tem sido sinônimo de dor e sofrimento para você? Consultamos pessoas que abandoaram grupos e mais grupos (da família, do colégio, do prédio...) para montar este guia rápido de etiqueta. Leia (afinal, quem nunca deu um fora em grupo?) e repasse para dez pessoas essa lista agora mesmo --ou você corre o sério risco de continuar a ter dias perturbados pelo whats. Não quebre essa corrente!
1. Dar "bom dia" tooodas as manhãs
Ver dezenas de notificações e descobrir que a maioria é um simples "bom dia" cansa. "Saí de vários grupos porque, quando ia ver se tinha algo interessante, havia 500 'bom dia'. Ninguém tem tempo para isso", diz a advogada Beatriz Besel. "Parem de dar 'bom dia', 'boa noite', 'boa chuva', 'bom sol', de mandar flores? Não dá mais!", implora Andrea Neris, designer (e especialista em abandonar grupos no whats).
2. Repassar correntes
Antes de encaminhar textos que prometem grana fácil, uma batedeira nova ou um ícone azul que confirma sua existência virtual, saiba que correntes só levam a um resultado: irritar a pessoa que compartilha o grupo com você. "Se é textão copiado e colado, já deleto sem ler. Nem se for de gente muito amiga", conta a empreendedora Cylene Dias.
3. Compartilhar notícias falsas
"Atenção: o WhatsApp vai fechar!". "Atenção: comer manga com leite mata!". "Atenção: tsunami vai atingir São Paulo!". Enviar mensagens sem checar a veracidade é péssimo. "Fico p da vida quando repassam notícias falsas", reclama o engenheiro Luiz Amaral. Pesquise antes de compartilhar. Dica: os sites Boatos.org e E-farsas são boas opções para checar se uma notícia é real.
4. Mandar mensagem "quebrada"
Escreva a frase inteira antes de apertar o "enviar". Você economiza no vaivém dos dedos e não irrita quem está lendo. "Não gosto de gente que fica mandando três mensagens quando poderia mandar uma, principalmente no grupo do trabalho. Será que não dá para escrever tudo junto para meu celular apitar só uma vez?", pergunta a nutricionista Lia Nunes.
5. Gravar áudios e mais áudios
Ok, nem sempre é prático digitar no WhatsApp, mas pondere: se o assunto é longo, não valeria uma ligação? Se mesmo assim for a melhor opção, antes de tudo, pergunte se pode gravar um áudio longo para a pessoa. "Escrever dá mais trabalho, mas não importuna quem está em volta", diz Beatriz.
6. Oferecer serviços ou vender produtos
Não, não é proibido. O problema é fazer isso em grupos que não têm esse propósito ou se a turma não tem tanta intimidade. "Cansa ler diariamente que fulano está vendendo tal produto e tem uma promoção bacanérrima para o Dia dos Pais", diz Andrea sobre um dos motivos que a fizeram abandonar grupos de pais da escolinha do filho.
7. Desrespeitar a finalidade do grupo
Se um grupo tem uma finalidade, tem que respeitar. "Todo dia rolava uma briga que variava entre questões pessoais, discussão entre vizinhos, piadas fora de hora, correntes, vendedores. A ideia, que era informar sobre as coisas do condomínio, quase nunca acontecia", conta Edu Mendes, designer, que desistiu do grupo de moradores do prédio.

8. Enviar vídeos e piadinhas o dia inteiro
Se o grupo é para isso, vá em frente, a zoeira não tem limites. Se não é a ideia e, principalmente, se reunir gente não tão próxima, controle a vontade de compartilhar piadinhas. "Meu conselho é não incomodar com tantos vídeos e imagens de piadinhas", sugere a advogada Natasha Lemos.
Claudia Dias (via Estilo UOL)

10 perguntas a se fazer antes de entrar em um debate teológico


Um dos maiores equívocos que a cultura popular já inventou é que “religião não se discute”. Convenhamos: debater sobre religião é muito legal. É gostoso, enriquecedor, empolgante. Lógico que religião se discute! E, com o surgimento da Internet e, em especial, das redes sociais, essa atividade ganhou um forte impulso: agora você pode debater sobre questões teológicas deitado no seu sofá, sem ter de tomar banho ou pentear o cabelo, com muitas pessoas ao mesmo tempo, sobre os mais variados temas da teologia. Ficou fácil demais se engajar em discussões doutrinárias, participar de rodas de conversa teológicas, expôr seu ponto de vista religioso. Portanto, religião se discute, sim, e mais do que nunca. 
Diante dessa realidade, será que devemos ter critérios para selecionar de que debates devemos participar e como precisamos nos posicionar? Mais ainda: será que há ponderações bíblicas que nos ajudem a decidir o que debater e como debater?
Acredito que sim. Por isso, gostaria de compartilhar com você dez perguntas que levo em conta, com base na Bíblia, que me fazem, na maioria das vezes, conter meu ímpeto de ingressar em um debate teológico. Espero que lhe seja útil. Se você concordar ou discordar, seus comentários são muito bem-vindos. O que sugiro é que, ao ser tentado a entrar em alguma discussão acerca da fé, antes de entrar você sempre se faça estas dez perguntas (leia com extrema atenção as citações da Bíblia):
1. Quero participar desse debate para glorificar a Deus ou para a minha própria glória, mostrando como sou superior àquele com quem debato em aspectos como inteligência, conhecimentos e poder de argumentação?
“Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus. Não vos torneis causa de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem tampouco para a igreja de Deus, assim como também eu procuro, em tudo, ser agradável a todos, não buscando o meu próprio interesse, mas o de muitos, para que sejam salvos.” (1Co 10:31-33)
2. Quero participar desse debate com foco no reino de Deus ou para obter reconhecimento e receber elogios das pessoas, que ficarão encantadas ou impressionadas pelo meu desempenho?
“… buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mt 6:33)
“Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.” (Rm 14:17)
“Porque o reino de Deus consiste não em palavra, mas em poder.” (1Co 4:20) 
3. Quero participar desse debate por amor àquele com quem estou debatendo ou para derrotá-lo, num exercício de ego cuja função é mostrar que eu sei muito e sou capaz de vencer os argumentos do próximo? 
“Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão.” (1Jo 4:20-21)

“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos.” (Gl 5:13-15. Leia, ainda: Mt 19:19; 22:39; Mc 12:28-31; Rm 13:9; Tg 2:8)
4. Se eu participar desse debate será com a intenção de prestar um serviço àqueles com quem debato, motivado por amor a eles? 
“Andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave.” (Ef 5:2)
“Tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela. Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. Ao terminar, retomou seu lugar e disse-lhes: ‘Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo'.” (Jo 13)
5. Participar desse debate me fará mais semelhante a Cristo? 
“Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” (Rm 8:29)
“E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.” (2Co 3:18)

“Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou.” (1Jo 2:6)
6. Estou motivado a participar desse debate em postura de total humildade, a exemplo de Jesus, ou com arrogância, vaidade, orgulho e partidarismo (paixão pelo grupo humano, doutrinário, teológico ou denominacional ao qual pertenço)? 
“Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” (Fp 2:3-8)
7. Eu entrarei nesse debate com mansidão ou serei arrogante nas discussões? Se houver essa possibilidade, ainda assim pretendo ir adiante em vez de abrir mão de participar?
“Abominável é ao Senhor todo arrogante de coração; é evidente que não ficará impune.” (Pv 16:5)
“Assim como o vinho é enganoso, tampouco permanece o arrogante, cuja gananciosa boca se escancara como o sepulcro e é como a morte, que não se farta; ele ajunta para si todas as nações e congrega todos os povos.” (Hc 2:5)
“Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade.” (2Tm 2:24-26)
8. Se eu participar desse debate, o farei manifestando virtudes espirituais ou as obras da carne?
“Ora, as obras da carne são conhecidas e são: […] inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções […] e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam. Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito. Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros.” (Gl 5:19-26)
9. Meu objetivo ao participar desse debate é promover a paz ou botar lenha na fogueira?
“Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.” (Mt 5:9)
“Honroso é para o homem o desviar-se de contendas, mas todo insensato se mete em rixas.” (Pv 20:3)
“Como o abrir-se da represa, assim é o começo da contenda; desiste, pois, antes que haja rixas. […] O que ama a contenda ama o pecado; o que faz alta a sua porta facilita a própria queda. […] Os lábios do insensato entram na contenda, e por açoites brada a sua boca.” (Pv 17:14,19; 18:6)
“Fazei tudo sem murmurações nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo.” (Fp 2:14-15)
“De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?” (Tg 4:1)
“Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz.” (Tg 3:18)
10. Meu desejo de participar desse debate vem acompanhado de igual desejo de praticar as obras da piedade ou é apenas um fim em si mesmo? Em outras palavras, será que eu ponho em prática no dia a dia os atos de bondade pressupostos pelo evangelho de Cristo? Ou meu negócio é só falar, falar e falar, ficando satisfeito ao final do debate, mas sem pôr em prática a piedade que defendo na teoria?
“Se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a sua religião é vã. A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo.” (Tg 1:26-27)
“Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta. Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé. Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios crêem e tremem. Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a fé sem as obras é inoperante?” (Tg 2:14-20)
* * *
Meu irmão, minha irmã, sigamos a orientação bíblica: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo…” (1Co 11:28). Seja honesto nesse exame. Analise quais são as verdadeiras motivações que levam você a participar de debates sobre a fé, seja com cristãos, seja com descrentes. Todos os dias vejo cristãos se engajarem em debates sobre aspectos da fé que levam do nada ao lugar nenhum; que só promovem rixas, bate-bocas e contendas entre irmãos; muitas vezes motivados por ego, vaidade e partidarismo; de forma totalmente dissociada da prática da piedade. Isso ocorre em programas de televisão, programas de rádio, postagens do facebook, podcasts, blogs, vlogs e outras ágoras virtuais ou presenciais.
Se a sua motivação para se engajar em um debate sobre a fé for a glória de Deus e o reino dos céus, e o amor pelas pessoas com quem você vai debater e o desejo de servi-los; se você perceber que entrar nesse debate o fará se assemelhar mais a Cristo; e se você estiver disposto a se posicionar no debate com real humildade e mansidão, manifestando as virtudes do fruto do Espírito Santo, a fim de promover a paz e em consonância com uma vida cotidiana marcada por obras de piedade, ótimo! Debata quanto quiser! Dou todo o meu apoio. É bom e é certo.
Porém, se a sua motivação para se engajar em um debate sobre a fé for a glória de si mesmo, com o recebimento de elogios, reconhecimento humano e a vontade egocêntrica de ser visto como alguém superior à pessoa com quem está debatendo; se você está mais motivado a derrotar aquele com quem está debatendo do que a amá-lo e servi-lo; se você percebe que sua postura ao debater é arrogante, orgulhosa e partidária, manifestando ao debater obras da carne como ira, dissensões e inimizades, sem se preocupar por estar pondo lenha na fogueira; e se notar que o prazer de debater é maior que o prazer em viver no dia a dia as obras da piedade, então a minha recomendação é que repense totalmente a sua participação nesses debates. Recomendo que se cale, busque cristãos mais experientes e piedosos com quem se aconselhar (fora do seu séquito de admiradores), repense suas práticas e busque na oração e na leitura das Escrituras a renovação da sua mente, pois você está muito distante do ideal bíblico. E, somente quando conseguir desenvolver um coração assemelhado ao de Jesus, volte a debater as coisas da fé. Até lá, é hora de aprender e não de ensinar.
Debater religião ou teologia não é o problema, nem de longe. Isso precisa ser feito. A questão é: o que te motiva? E como você faz isso? Lembre-se de que crer, até os demônios creem. Portanto, você pode usar excelentes argumentos, mas se for com as motivações erradas e de maneira que desagrada a Deus, melhor é se calar. Para o seu próprio bem. Pois Deus não precisa que ninguém o defenda. Mas ele precisa que seus filhos tenham o coração no lugar certo e ajam da maneira certa.
O resto? É vaidade. Vaidade e correr atrás do vento…
Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari (via Apenas)

Mais amor ou mais ódio?

Nunca me esqueço do que li certa vez em um livro de apologética sobre a experiência do jovem expulso de um grupo autointitulado “livres pensadores”. Por que ele foi expulso? Por ter exercido sua liberdade de pensar e se tornado cristão. Talvez você esteja pensando que a intolerância não chegue a tanto, mas algo parecido vem acontecendo em nossa sociedade dita civilizada, e essa doença tem acometido tanto os defensores do pensamento de direita quanto os de esquerda. Vejamos.
Na semana passada, a norte-americana Judith Butler, que é considerada a criadora da ideologia de gênero, esteve no Brasil, mais precisamente em São Paulo, onde participou de um seminário sob protestos de uma multidão. Um abaixo-assinado com mais de 300 mil assinaturas pedia o cancelamento da palestra, o que não aconteceu. Até aí tudo bem. Protestar faz parte da democracia e as pessoas têm o direito de se expressar. Ocorre que alguns manifestantes exageraram na dose. Ostentando Bíblias e crucifixos, queimaram um boneco que representava a filósofa e gritaram “queima, bruxa”. Um dos cartazes dizia: “Vá para o inferno.” É verdade que a própria Butler já assinou uma carta aberta contra a participação de certo filósofo de extrema direita em uma conferência nos Estados Unidos, mas chamá-la de bruxa e mandá-la para o inferno já é demais. Empunhar a Bíblia com esse sentimento é uma tremenda contradição, afinal, Deus nos dá liberdade de escolha e, se for para aplicar um juízo, Ele mesmo Se encarrega disso, afinal, somente o Criador conhece as reais intenções do coração.
Ok. Em São Paulo o que se viu foi uma manifestação desmedida de extremistas de direita. A esquerda não seria capaz de tal coisa… Pense bem. Você acha mesmo que não? Vejamos. No último dia 13 de novembro, em pleno campus da Universidade Federal da Bahia, um protesto organizado pela extrema esquerda contra a exibição do filme “O Jardim das Aflições” conseguiu o que os organizadores queriam: o filme foi cancelado pela universidade. Mas não se tratou de um simples protesto. Entre gritos, um dos participantes carregava um cartaz com os dizeres “Morte aos cristãos”, algo estranhamente ignorado pela grande imprensa, diferentemente do que aconteceu com Butler. Veja por si mesmo:


Onde está o discurso do amor? Onde está o clamor por tolerância e a promoção do pensamento crítico e plural que deve caracterizar uma universidade? Eu estudei em uma federal e me lembro de que o campus abria as portas para quase todo tipo de programações e de discurso. Hoje em dia teatros e museus expõem conteúdos pornográficos, violentos e de apologia à pedofilia, e muitas vozes se levantam em favor da liberdade de expressão. Então por que em uma universidade pública não se pode exibir o filme de um filósofo conservador?
Apesar de tudo, o mais triste é perceber que essas manifestações de ódio ocorrem também entre os cristãos e até mesmo entre adventistas, pessoas que deveriam se pautar pela Bíblia, respeitar o semelhante, orar pelos inimigos e dialogar com educação. Em reação a um vídeo do programa “Está Escrito”, da TV Novo Tempo, algumas pessoas promoveram um verdadeiro ataque ao pastor Ivan Saraiva, apelando mais para o argumento ad hominem, ou seja, focado na pessoa e não nas ideias dela.
O pastor Saraiva falou sobre o aspecto diabólico da ideologia de gênero. Não disse nenhuma inverdade e utilizou a Bíblia para fundamentar seu ponto de vista. Obviamente que o assunto não foi tratado em profundidade, pois, além de se tratar de um programa de TV de pouco mais de 20 minutos, o objetivo da Novo Tempo é alcançar todas as classes sociais e pessoas das mais variadas formações acadêmicas e ideológicas. Como qualquer cristão criacionista, o pastor Saraiva se posicionou em favor do casamento heteromonogâmico sem, no entanto, ofender pessoas que pensam e vivem de modo diferente do prescrito pelas Escrituras Sagradas. Pessoas que não foram ofendidas se sentiram ofendidas com o que a Bíblia estabelece. O fato de a cultura ter mudado não significa que Deus tenha mudado. Seus ditames ainda são válidos em pleno século 21. Então por que se indignar quando um pastor abre a Bíblia e prega o que está ali? Isso não significa que nem Deus, nem a Igreja Adventista, nem Saraiva deixem de amar pessoas que optam por viver em desacordo com a Bíblia ou que sofram de algum tipo de distúrbio. Elas merecem tanto amor quanto qualquer outro pecador, incluindo o apresentador do “Está Escrito” e o ser humano que escreve este texto.
O pastor Ivan não está sozinho em seu questionamento dessa ideologia cuja base está enraizada no marxismo, com sua raiva visceral da família patriarcal. Vou citar apenas um exemplo. Em 2011 um documentário transmitido em rede nacional na Noruega abalou a credibilidade dos defensores da ideologia de gênero nos países da Escandinávia (os setes episódios podem ser vistos aqui). O Conselho Nórdico de Ministros, que inclui autoridades da Noruega, Suécia, Dinamarca, Finlândia e Islândia, determinou a suspensão dos financiamentos até então concedidos ao Instituto Nórdico de Gênero, entidade promotora de ideias ligadas às chamadas “teorias de gênero”. A conclusão das autoridades, com base em pesquisas científicas sérias, foi a de que realmente não existe fundamentação científica para a tal teoria ou ideologia de gênero. Aliás, um programa esclarecedor sobre esse assunto e que contou com a presença do respeitado psiquiatra César Vasconcelos de Souza é o “Conversa Sobre Identidade de Gênero”. Vasconcelos deixa claro que os portadores da chamada disforia de gênero são minoria absoluta, o que não justifica tratar do assunto como se o problema fosse algo tão generalizado. Fica óbvio que há bandeiras ideológicas por trás da promoção do debate.
Reportagem recentemente publicada pelo jornal Gazeta do Povo com o título “A verdade desagradável sobre a redesignação sexual que o lobby transgênero não quer que você saiba” deixou claro que tem aumentado os casos de cirurgias de “reversão” de pessoas que querem a genitália de volta. A matéria destaca ainda que pode haver um interesse econômico nessa história toda e um verdadeiro lobby transgênero. Mas é melhor que você leia o texto por si mesmo.
A missão dos cristãos em geral e dos adventistas, em especial, é a de levar a mensagem de salvação a todo o mundo. Faz parte da nossa missão denunciar erros ideológicos e teológicos justamente porque eles podem se colocar entre as pessoas e a verdade que liberta (João 8:32), mas isso não nos dá o direito de atacar de maneira injusta pessoas que estão pregando o evangelho e levando muita gente a Jesus. Aliás, não nos dá o direito de atacar ninguém.
Mais amor ou mais ódio? Depende de quem controla nosso coração, nossa mente. Jesus amava todas as pessoas, e mesmo quando denunciava o pecado fazia isso com voz embargada e lágrimas nos olhos. Quando vamos aprender a ser como Ele?

Michelson Borges