A notícia tem um título intrigante: “pastora evangélica provoca
polêmica no Canadá após declarar que não acredita em Deus”. O nome da
pastora é Gretta. Ela é pastora da Igreja Unida do Canadá. A denominação
foi fundada em 1925 e é resultado da junção de quatro correntes
protestantes, incluindo a presbiteriana e a metodista. Hoje, conta com
2,5 milhões de seguidores, cerca de 7% da população total do país, e
perde apenas para o catolicismo em número de fiéis.
A igreja é conhecida no país por suas posições bem progressistas.
Admite, por exemplo, pastores homens e mulheres. Na direção oposta às
igrejas brasileiras, aceita líderes declaradamente homossexuais e a
união entre casais gays é permitida desde os anos 80.
Mesmo com todos os pontos mais liberais da igreja, Gretta
provavelmente foi longe demais ao afirmar que Deus não existe. Ela vai
passar por um processo de avaliação e depois será decidido se ela
permanecerá ou não no cargo. Mesmo com a iminente destituição do cargo,
Gretta mantém a rotina de trabalhos voluntários, palestras e cultos. E,
se não acredita no poder das orações para salvá-la da demissão, ainda
tem fé na generosidade dos homens.
Incontestavelmente, igreja sem Deus não existe. Se Ele sai, não sobra
nada para a religião, mas será um clube ou um lugar de encontro social.
Gretta está mexendo com coisa séria, porque não é só a fé dela que
ficou abalada, mas dos seus liderados também.
A igreja existe para prover um ambiente propicio à instrução e à
adoração, ajudando as pessoas a terem um encontro com Deus. Negar a Deus
e tira-lo da igreja pode ser feito de forma declarada, como Gretta o
fez, mas há uma forma mais perigosa e sutil, não declarada.
Uma das formas é criar um sistema de doutrinas e crenças de acordo
com as necessidades humanas, não respeitando os conceitos bíblicos
dentro do seu contexto. O mesmo acontece quando se substitui
determinados pontos da revelação bíblica para se adequar às necessidades
humanas que hoje tem maiores dificuldades de seguir alguns pontos da
revelação. Religião de conveniência ou de interesse não tem base em
Deus.
Essas aberrações religiosas criam o que podemos chamar de
cristianismo instantâneo. Foi esse fundamentalismo manco que introduziu o
cristianismo instantâneo nas igrejas evangélicas para a realização
fácil e rápida de tudo, sem se preocupar com a sua qualidade ou a
permanência das pessoas. Essa forma instantânea gerou um vírus que
contagiou muitas igrejas e por meio da literatura, dos evangelistas e
missionários, está se espalhando por todo mundo.
O cristianismo instantâneo acompanhou a revolução industrial. As
máquinas foram inventadas com basicamente duas finalidades: (1) fazer
mais rápido o trabalho considerado importante e (2) terminar logo suas
tarefas para se dedicar a coisas do seu agrado.
O cristianismo instantâneo oferece um Deus que está sempre pronto
para atender os seus pedido e que ignora o seu passado, garante o futuro
e te liberta para seguir as inclinações da carne sem um mínimo de
restrição.
O problema está quando se esconde o lado da justiça de Deus e foca
apenas na graça que resulta em uma pregação desequilibrada que produz
cristãos desequilibrados e um cristianismo enfermo.
Deus é o centro da fé e da igreja. A Bíblia é a revelação total de
Deus e a regra de fé e prática para os cristãos. Fugir disso ou procurar
qualquer acomodação é anestesia espiritual. O utilitarismo que
fortalece o pensamento “o que é que eu vou ganhar com isso” precisa ser
combatido ao se ensinar às pessoas que religião com Cristo é compromisso
e não mera troca de vantagens.
O conselho bíblico sempre nos protege: “Crede no Senhor vosso
Deus e estareis seguros, crede nos seus profetas e prosperareis” (2
Crônicas 20:20).
Pr. Rafael Rossi, original em
http://noticias.adventistas.org/pt/coluna/rafael-rossi/igreja-sem-deus/
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