sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

A morte não precisa ser o fim

Revista Adventista


Um feriado nacional brasileiro muito esquisito talvez seja um dos que mais possam nos fazer pensar nesta coluna. No Brasil, 2 de novembro é o dia dos mortos. E aqui é o espaço onde buscamos aprender e refletir sobre como escapar dessa condição, a qual, ainda que seja uma das poucas e maiores certezas da vida, ninguém quer saber dela. Ou você quer?
Há poucos dias, tive que ajudar uma mulher muito cristã, tomada pelo câncer, a preparar-se para a morte. Cristina chorou profundamente porque não queria encerrar sua vida neste mundo com apenas 37 anos. Lembrei-me de uma frase que, certa vez, vi escrita na traseira de um caminhão: “Se a morte é um descanso, prefiro viver cansado”. Hilário, mas profundo, esse suspiro revela uma realidade: o ser humano se recusa a acreditar na fatalidade de que – após lutar para descobrir o mundo, aprender lições novas, relacionar-se, ter paixões, procriar, perseguir metas e buscar a felicidade – seja possível que sua tão complexa existência se dissipe como um gás, assim que o coração para.
Talvez seja por isso que “o Brasil foi sempre um terreno fértil para crenças baseadas na [suposta] comunicação com os espíritos e na reencarnação”, pois oito em cada dez brasileiros acreditam que o espírito da pessoa vai para algum lugar após a morte, e 69% creem que os mortos “bons” estão num paraíso, ao lado de Deus.[i] Além do nosso País, nos EUA 51% dos americanos acreditam em espíritos, 27% deles em reencarnação, e nove em dez estão certos de que a alma sobrevive à morte.
Mas, se há tanta crença de que o óbito não é um fim, por que temê-lo tanto? Se as pessoas acreditam que quem morre pode ir ao paraíso, porque se desesperam, não querendo morrer? Milhares creem numa reencarnação, mas preferem não se “desencarnar”. Por quê? Se existe o purgatório, por que não curtir os prazeres do pecado nesta vida, e então deixar pra decidir quando estiver lá? Se a morte faz parte da vida, por que temê-la? É porque as pessoas não têm certeza de que esses mitos sejam verdadeiros, pois não há como prová-los.

Fundamento bíblico

Na realidade, é difícil que qualquer um deles seja verdadeiro, pelas seguintes questões: Se as pessoas que são boas, quando morrem, vão logo pro céu, por que Jesus não foi imediatamente para lá quando morreu? Tente responder biblicamente. Ele reencarnou? Quem foi a reencarnação dEle?
O teólogo Clark Pinnock, defendendo que a Bíblia não ensina que há um inferno eterno, pergunta: “Será que Aquele que disse para amar os nossos inimigos pretende cultivar a vingança sobre Seus próprios inimigos por toda a eternidade?” Se o Céu é um lugar de perfeição, paz e alegria, os que morreram e nos amam ficam de lá contemplando nosso sofrimento? É que a verdade bíblica é muito diferente dessas crendices populares. Busque aprender o que a Palavra de Deus ensina sobre isso.[ii]
Pela Bíblia, sabemos que “nosso Senhor Jesus Cristo é o único que possui imortalidade” (1Timóteo 6:14-16). A primeira mentira do mundo (Gênesis 3:4) foi sobre a imortalidade da alma. E por ter sido proferida pelo autor de todas as mentiras (João 8:44), tornou-se um engano global. É claro que a morte é um intruso em nosso planeta, consequente do pecado que nele existe (Romanos 5:12). Desde sua introdução ao mundo, Deus deixou explicado ao homem como seria o seu desfecho: “porque você é pó, e ao pó voltará” (Gênesis 3:19). Podemos compreender melhor “para onde vamos” quando temos consciência “de onde viemos”. Cristo exemplifica isso. Muito melhor do que ter reencarnado ou se transformado em algo etéreo, Jesus ressuscitou, em carne e osso! Isso é tão diferente das crendices populares que nem mesmo os discípulos acreditavam (Lucas 24:38-43)!

Vitória sobre a morte

A resposta para a morte é a ressurreição, quando então os justos receberão a imortalidade, em corpos recriados e perfeitos. “Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. E os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados.” Então, “todos os que praticam a iniquidade, nada obstante, serão destruídos para sempre” (João 5:28-29; 3:16; Salmo 92:7). “Felizes os mortos que morrem no Senhor” (Apocalipse 14:13). Para eles, “o morrer é lucro”, pois têm a garantia de um dia “estar com Cristo, o que é muito melhor” (Filipenses 1:21-23).
Meu amigo, a chance de escolher o destino eterno é só nesta vida, e você não sabe quando ela termina. “Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Marcos 8:36). Acontecerão somente duas ressurreições: uma dos salvos e a outra dos perdidos. A primeira é a ressurreição da glória, a segunda, a da vergonha.
Você quer fazer parte da primeira delas? Você já teve que sepultar alguém muito querido?[iii] Quem é o falecido querido que você quer encontrar no dia da ressurreição? Você quer ter a vida eterna? “Esta é a vida eterna: que conheçam o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo” (João 17:3). Após ungirmos a Cristina, ela descansou sorrindo e em paz, porque durante sua vida ela já havia feito o preparo de ter buscado conhecer a Cristo. Busque, cada vez mais, conhecer a Jesus. Ajude seus queridos a conhecerem este autor da vida (João 10:18), e tudo o que teremos a comemorar serão dias de esperança!

Conheça mais sobre a visão dos adventistas do sétimo dia a respeito do assunto:


Referências:
[i]CARELLI, Gabriela. Vida após a morte. Revista Veja. São Paulo: Editora Abril, 11/05/2005, p. 116-117.
[ii]GONÇALVES, Luís. A verdade sobre a morte. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=qCENnnZKuSI>. Acesso em: 16 nov. 2017.
[iii]BULLÓN, Alejandro. Como enfrentar a perda de um ser querido? Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ViecXqgZ898>. Acesso em: 16 nov. 2017.

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