Hoje meu
celular não parava de receber mensagens enviadas por alguns amigos. Quando digo
hoje, estou me referindo a quarta-feira, 5
de setembro de 2018 (não sei quando você vai ler esse texto, por isso
menciono a data).
Bom, o
assunto tem a ver com a tradicional
audiência que o papa Francisco realiza todas as quartas-feiras no Vaticano.
Quando abri os links que me enviaram e comecei a ler as notícias do portal do
Vaticano, e claro, comparando fontes, como sempre faço e todo bom leitor deve
fazer, acabei chegando à transmissão do vídeo da audiência papal e comecei a
vê-la.
O vídeo
começa com Francisco chegando ao local onde seria a audiência geral e onde
faria sua catequese. Havia muita gente esperando-o. Claro, é um dos homens mais
poderosos do mundo. Depois do sinal da cruz e da saudação litúrgica, Francisco começou a leitura da Bíblia no
livro de Êxodo, capítulo 20, versículos 8-11, em vários idiomas.
Caso
você não se lembre, deixo aqui o texto bíblico do quarto mandamento da Bíblia,
na versão católica de Jerusalém:
“Lembra-te de santificar o dia de
sábado. Trabalharás durante seis dias, e farás toda a tua obra. Mas no sétimo
dia, que é um repouso em honra do Senhor, teu Deus, não farás trabalho algum,
nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu servo, nem tua serva, nem teu
animal, nem o estrangeiro que está dentro de teus muros. Porque em seis dias o
Senhor fez o céu, a terra, o mar e tudo o que contêm, e repousou no sétimo dia;
e por isso o Senhor abençoou o dia de sábado e o consagrou”.
“Uau!”,
disse a mim mesmo. “Tenho que continuar vendo esta homilia para saber como
termina! Que será que o papa vai dizer sobre o dia de repouso?”
Continuei
assistindo.
Quero
confessar que concordo bastante com alguns conceitos de Francisco com os quais
ele começou seu discurso. Primeiro, ele disse que vivemos em uma sociedade sedenta de entretenimento e férias. Uma
sociedade com um conceito de descanso enraizada nas campanhas de publicidade e
comerciais que os meios de comunicação nos vendem. Uma sociedade que busca o prazer, a diversão, mas que, no fundo, não
promove descanso.
Textualmente,
Francisco reforçou que nossa sociedade tem uma “mentalidade que desliza para a
insatisfação de uma existência anestesiada pelo divertimento que não é repouso,
mas alienação e fuga da realidade”. E acrescentou: “O homem nunca repousou
tanto quanto hoje, e ao mesmo tempo o homem nunca experimentou tanto vazio como
hoje!”
Até aqui
creio que estamos de acordo, não é mesmo? Bem, eu estava curioso querendo saber
qual seria a linha que ele ia seguir e sobre o que diria do sábado do
mandamento bíblico, por isso, continuei assistindo o discurso.
O dia de descanso
Francisco
continuou a falar sobre o momento em que Deus criou o mundo e descansou no
sétimo dia, sábado. Ele fez uma clara referência a Gênesis capítulo 2,
versículos 1 ao 3.
Depois,
voltou ao texto que havia lido na introdução de sua homilia e que falava sobre
o decálogo de Deus (os Dez Mandamentos). Disse
que o sábado é um presente de Deus para nossa necessidade de descanso e conexão
com Deus. Necessitamos ter um tempo semanal para o descanso, o louvor e a
adoração. Francisco acrescentou que Deus, no Decálogo, “lança uma luz sobre
o que é repouso, que é o momento da contemplação e do louvor”.
“Ao
repouso como fuga da realidade, o Decálogo opõe o repouso como benção da
realidade”.
Até aqui
o discurso parece uma defesa maravilhosa da necessidade de seguir a Lei de
Deus, dedicando o sábado do mandamento bíblico como um dia especial para o
repouso da alma e para a adoração.
Mas…
não!
Neste
ponto, quando começa a falar sobre o repouso, mais uma vez e de forma
magistral, Francisco utiliza o poder da
sutileza.
Leia a
frase que ele usa:
“Para nós, cristãos, o centro do Dia do Senhor, o domingo, é a
Eucaristia, que significa ‘ação de graças’, e onde se encontra o ponto
culminante dessa jornada de contemplação e benção, na qual acolhemos a
realidade e louvamos ao Senhor pelo dom da vida, dando graças por sua
misericórdia e por todos os dons que nos concede.”
Onde está o erro?
Primeiro,
o papa Francisco disse em seu discurso
que o dia de repouso para os cristãos é o domingo… Hein? Eu sou cristão,
creio em Deus, em Jesus e no Espírito Santo. Creio na Bíblia como a Palavra de
Deus e minha Bíblia NÃO diz isso. A
Bíblia diz claramente que o dia de repouso é o sétimo dia da semana, que é o
sábado (Gênesis 2:2, 3; Êxodo 20:8-11).
Em
segundo lugar, e seguindo essa linha de raciocínio, temos que entender que Deus escolheu um dia. Não o primeiro,
nem o segundo, nem o sexto: ele escolheu
o sétimo. Quero lembrar que a Bíblia diz que esse dia é o sábado. Este dia foi santificado e abençoado por
Deus, e não foi só para os judeus. Foi para o ser humano, e foi dado muitos
antes de existirem judeus (Marcos 2:27). Deus escolheu esse dia para que
descansemos, adoremos, estejamos em família e nos conectemos com o Criador.
Em
terceiro lugar, o que Francisco faz, como muitos outros pastores populares
evangélicos, é uma transferência das qualidades e atributos do sétimo dia
bíblico, o sábado, para o primeiro dia da semana, o domingo. Transferência que não foi autorizada na
Bíblia e nem por Jesus, nem por Maria, nem pelos apóstolos, nem por ninguém.
Por
exemplo, se lermos Lucas 23:56 e Mateus 28:1, encontramos que Maria e os
apóstolos, depois da morte de Cristo, guardaram o sábado, dia que antecede o
domingo. Por tanto, o sétimo dia, dia do descanso bíblico, não pode ser o
domingo.
Claro,
você pode dizer que neste sábado mencionado aqui nos textos anteriores Jesus
não havia ressuscitado e que depois de sua ressurreição ele transferiu essa autoridade do sábado para o domingo. Será?
Não! Em
Atos 13:44, a Bíblia nos diz que Paulo, estando em Antioquia, convidou toda a
cidade para o culto no sábado, onde se reuniram para escutar a Palavra de Deus.
E em Atos 16:13 é registrado que no sábado os discípulos se reuniam e uma
mulher crente, chamada Lídia, foi batizada.
Esses
são apenas dois exemplos que nos mostram que o sábado no Novo Testamento
continuou vigente. Por outro lado, não há textos na Bíblia que autorizam a
transferência da autoridade do sábado para o domingo. Se isso tivesse
acontecido, você não acha que Deus teria sido mais explícito?
Por que é tão importante entender isso?
Simples.
Porque um dos sinais dos verdadeiros seguidores de Jesus que está registrado no
livro de Apocalipse, capítulo 12, verso 17, e no capítulo 14, verso 12, é a
observância de todos os mandamentos, incluindo o sábado como dia de repouso. O
sábado, não o domingo.
Finalmente
Creio
que, como cristãos, necessitamos realmente retornar ao descanso de Deus.
Necessitamos conter nossa vida frenética e buscar o verdadeiro repouso. Por
outro lado, creio que devemos ser fiéis a Deus e não aos homens.
Seja
você católico ou evangélico, se quiser seguir a Deus e ser fiel, avalie se o
que seus líderes lhe dizem está fundamentado por interpretações pessoais ou
institucionais, ou realmente por um “Assim diz o Senhor”.
Bem, se
você é um estudioso das profecias da Bíblia, se lembra que este discurso de Francisco é um sinal de alerta que nos diz que muito
em breve haverá neste mundo dois grupos de pessoas: os que seguem os
ensinos de homens e os que seguem a Palavra de Deus.
Deixo
com você uma citação que foi escrita há mais de 100 anos por uma escritora
cristã chamada Ellen White, e que diz o seguinte:
“A questão do sábado será o ponto controverso no grande conflito final
em que o mundo inteiro será envolvido. Os homens exaltaram os princípios do
diabo acima dos que governam os Céus. Aceitaram o sábado espúrio instituído por
Satanás como o sinal de sua autoridade. Entretanto, Deus imprimiu o Seu selo ao
Seu estatuto real. Cada instituição sabática traz o nome de Seu Autor, a marca
indestrutível que revela Sua autoridade. Nossa missão é levar o povo a
compreender isso. Devemos mostrar-lhe a importância de ter o sinal do reino de
Deus ou o do reino da rebelião, porque cada indivíduo se reconhece súdito do
reino cujo distintivo aceita. Deus nos chamou para desfraldar o estandarte do
Seu sábado, que está sendo calcado a pés. É muito importante, portanto, que o
nosso exemplo em observá-lo seja correto!” (Testemunhos para a Igreja,
v. 6, p. 352).
Apenas
me resta uma pergunta: De que lado você estará? Pense nisso e compartilhe.
Jorge
Rampogna
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