Sempre gostei das reuniões de
comissão de igreja (quando bem conduzidas e sob a influência do Espírito Santo,
evidentemente) porque ali a gente vê a democracia representativa em ação. Isso
me impressionou positivamente quando me tornei adventista, nos idos anos 1990.
Houve vezes em que em reuniões de comissão eu defendi que as paredes do templo
deveriam ser pintadas de branco (exemplo hipotético), mas a proposta vencedora
acabou sendo a que defendia a cor bege. A maioria votou nela. Aprovada a proposta,
passei a defendê-la como se fosse minha. Não fiquei criticando pelos corredores
os que votaram na cor bege. Não fiquei torcendo para que o templo ficasse feio
com aquela cor, para depois dizer que eu tinha razão. Na verdade, torci para
que ficasse mais bonito, para o bem de todos. Assim devemos nos comportar em
uma democracia. Devemos sempre pensar no bem coletivo e até abrir mão de nossos
interesses, se eles não forem considerados os da maioria (o que não significa
abrir mão de princípios, evidentemente; mas esse é outro assunto).
O presidente Jair Bolsonaro
foi eleito pela maioria do povo brasileiro. Pode ser que não concordemos com
tudo o que ele diz e faz, mas foi a vontade da maioria. Durante meses todos
puderam obter informações sobre os dois candidatos, ler seus programas de
governo, comparar suas ideias, tudo de acordo com as regras, como se espera em
uma boa democracia. A eleição foi democrática, pelo voto direto e secreto, e
Bolsonaro foi o escolhido de 55 milhões de brasileiros. Agora ele é o presidente
do Brasil. E se você ama o Brasil e a democracia, o que deveria fazer? Aceitar
a realidade, torcer pelo presidente e orar pela nação. Fazer de tudo para que
nosso país possa dar certo e avançar.
Quanto aos cristãos, é fácil
seguir a Bíblia Sagrada quando ela aprova nossos pensamentos e nossas vontades.
Mas e quando ela contraria nosso ponto de vista? O que a Bíblia nos diz para
fazer em relação às autoridades constituídas/eleitas? Você sabe:
“Antes de tudo, recomendo que
se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens;
pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida
tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade” (1 Timóteo 2:1, 2).
“Lembre a todos que se
sujeitem aos governantes e às autoridades, sejam obedientes, estejam sempre
prontos a fazer tudo o que é bom, não caluniem ninguém, sejam pacíficos,
amáveis e mostrem sempre verdadeira mansidão para com todos os homens” (Tito
3:1, 2).
“Por causa do Senhor,
sujeitem-se a toda autoridade constituída entre os homens; seja ao rei, como
autoridade suprema, seja aos governantes, como por Ele enviados para punir os
que praticam o mal e honrar os que praticam o bem. Pois é da vontade de Deus
que, praticando o bem, vocês silenciem a ignorância dos insensatos. Vivam como
pessoas livres, mas não usem a liberdade como desculpa para fazer o mal; vivam
como servos de Deus. Tratem a todos com o devido respeito: amem os irmãos,
temam a Deus e honrem o rei” (1 Pedro 2:13-17).
“Todos devem sujeitar-se às
autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as
autoridades que existem foram por Ele estabelecidas. Portanto, aquele que se
rebela contra a autoridade está se opondo contra o que Deus instituiu, e
aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos” (Romanos 13:1,
2).
“Pois os governantes não devem
ser temidos, a não ser por aqueles que praticam o mal. Você quer viver livre do
medo da autoridade? Pratique o bem, e ela o enaltecerá. Pois é serva de Deus
para o seu bem. Mas, se você praticar o mal, tenha medo, pois ela não porta a
espada sem motivo. É serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o
mal. Portanto, é necessário que sejamos submissos às autoridades, não apenas
por causa da possibilidade de uma punição, mas também por questão de
consciência” (Romanos 13:3-5).
Obviamente que, quando as
autoridades nos obrigarem a desobedecer à vontade de Deus, valerão outros
textos, como Atos 5:29. Aí, nesse caso, deveremos opor resistência pacífica
para ser fiéis a Deus. Mas o que alguns descontentes com a vontade da maioria
dos brasileiros estão fazendo não é resistência. No mínimo é mimimi de
frustrados com a perda do poder ou com o inconformismo pela prevalência
democrática de uma ideia que não é a deles. Resistência a um governo que ainda
nem começou? Ser contra tudo o que esse governo propuser? Como assim? Isso não
é resistência. Isso é querer que tudo dê errado antes mesmo de começar. Isso é
pouco se lixar para o Brasil. Isso é batalhar pelo divisionismo.
Mas Jesus não foi um
revolucionário? Ele não foi da “resistência”? Já gravei um vídeo sobre isso e
peço que você o assista (aqui),
mas nunca é demais repetir: não, Jesus não foi um revolucionário. Ele tinha
tudo para ser, afinal, o governo de Seu tempo era invasor, cobrava impostos
para César, não havia sido eleito nem escolhido. Mas Jesus nunca Se insurgiu
contra o Império. Ele sempre deixou claro que Seu reino não é deste mundo e mandou
que dessem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Tomar Jesus como
exemplo ou modelo de resistência política é, além de anacrônico, injusto. Em
lugar de revolução Ele pregou a conversão. Em lugar de ódio, amor. E o amor
dEle não era só de discurso, não. Ele amou na prática. Amou quem concordava com
Ele e quem dEle discordava. Amou a todos e morreu por todos.
Recentemente, no Twitter, o
comediante e apresentador Danilo Gentili escreveu: “O discurso dos caras agora
é: ‘Vamos fiscalizar o governo e meter a boca em tudo o que estiver errado.’
Sim, vamos. Sem dúvida alguma vamos. Mas só lembrando aqui que nos últimos
treze anos todo mundo que fez isso foi chamado de fascista.”
Muita gente teve que tolerar
treze anos de um governo no qual não votou. Assim é a democracia. Muitas vezes
orei e torci por Lula e Dilma. Orei para que eles fizessem o bem para o nosso
povo, para que tivéssemos liberdade religiosa e paz. Da mesma forma, exatamente
como manda a Bíblia, vou orar por Bolsonaro e por sua equipe de governo, para
que tenham sabedoria e compaixão a fim de governar para o povo e para o bem do
nosso país.
Não vou fazer resistência ao
governo que nem começou, porque não é isso o que meu Mestre e Sua Palavra
mandam. Continuarei opondo resistência ao reino das trevas, “porque não temos
que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as
potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes
espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Efésios 6:12).
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